quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Tem dias em que estou na minha rotina normal como qualquer mortal e o Flamenco aparece com uma urgência imensa. Sinto como se toda a cultura andaluz pudesse voar da palma da minha mão. Sinto um ardor no peito como se todas as paixões adolescentes do mundo queimassem ao mesmo tempo dentro de mim. Nessas horas tudo que eu mais queria era estar num palco, esmagar essa dor e justificar esse drama, mas não é possível. Então tento aplacar ouvindo Camarón, e ele fala com a minha alma de uma forma que me faz ter certeza que não pertenço a este tempo e nem a este lugar. O Flamenco me inunda como um rio, meu coração só bate em seus acentos e todo meu corpo se transforma num choro seco, misto de desejo e melancolia. Ser "flamenca", pra mim, é a única forma honesta de ser humana.
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