terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Delicadeza em excesso
Às vezes eu tenho a nítida sensação que estou muito próxima de descobrir algo muito grande, como se estivesse quase molhando os dedos na margem de um rio enorme (sinto a água respingando), como aquela palavra que quase chegou na língua.
Sinto que é uma resposta que quer me alcançar, que vai me fazer entender a eternidade, me esclarecer qual o jeito certo de se viver e o motivo da existência humana.
Costuma acontecer quando me misturo às pessoas na rua e observo seus rostos desconhecidos. E quando ouço Beatles e quando sinto cheiro de Verbena. Quando vejo um jardim num quadro impressionista. Eu quase posso tocar o mundo atemporal, uma essência muito forte pulsa dentro de mim e uma ansiedade me toma ao sentir essa grande resposta a fácil alcance como o próximo suspiro.
Acontece quando eu penso nos lugares que conheci e no amor que conquistei e quando lembro como eu queria ser só bondade e gentileza quando criança. Acontece também quando me sinto mal por estar desperdiçando meu tempo de juventude sentada num escritório, quando perco a esperança na humanidade ou só no Brasil, quando eu assisto um filme ou leio um livro.
Eu travo os dentes de impaciência e não consigo definir a cor do céu. Então ofereço meus ombros, meu pulmão e minhas mãos e tento voltar ao ponto inicial.
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